Não se deu apenas no plano interno às nações o impacto do fenô¬
meno desse processo ocorreu nas relações internacionais, com a intensificação
do comércio e as implicações negativas da instituição das quarentenas
nos portos marítimos. As controvérsias científicas ocorreriam também
nos primeiros fóruns internacionais criados no campo da saúde: as
Conferências Sanitárias Internacionais. fisioterapeuta
A doença mais marcante durante o século XIX foi o cólera, dando odontologia
origem à que foi considerada a primeira pandemia no período de 1817-23,
e que atingiu progressivamente países do Golfo Pérsico e aqueles banhados
pelo Oceano Índico. O padrão tradicional da expansão dessa doença se viu
alterado pela maior densidade do comércio internacional e dos movimentos
militares derivados da dominação britânica na Índia. Uma segunda pandemia
ocorreu em 1826, atingindo desta vez a Rússia, o Báltico e finalmente a
Inglaterra (Veronelli & Testa, 2002). A terceira atingiu a América (1852-59)
e a quarta, com início em 1863, chegou a Nova Iorque em 1863, Buenos
Aires em 1866 e, em 1867, à região onde se deflagrava a Guerra do Paraguai,
afetando as tropas aliadas e paraguaias oftalmologia ginecologia
.9
Sob o impacto das epidemias de cólera e febre amarela, realizou-se
em Montevidéu, em 1873, uma convenção sanitária em que se firmou uma
8 Esse ponto fica muito claro no estudo de George Rosen (1979) sobre a história do conceito de medicina
social. Segundo o autor, esse conceito está intimamente associado ao desenvolvimento do capitalismo e à
emergência das questões social e urbana.
9 Consta que Francisco Solano López, líder paraguaio, também contraiu a doença.
ata pelo Brasil, Argentina e Uruguai determinando medidas comuns de prevenção
em relação a doenças como cólera asiático, febre amarela, peste e
tifo. Em 1887, realizou-se, no Rio de Janeiro, novo colóquio entre esses
países em que se estabeleceu a Convenção Sanitária do Rio de Janeiro
(Veronelli & Testa, 2002).
A experiência das epidemias de cólera no século XIX, na Europa e
nos Estados Unidos, teve papel determinante na percepção das elites políticas
sobre os problemas sanitários, favorecendo ações políticas, criação de
organizações e intervenção dos Estados nacionais na resolução dos problemas
de saúde e nas reformas urbanas (Briggs, 1961).
Sua conotação
de pandemia implicou não apenas a transformação da saúde em problema de
natureza coletiva em sociedades particulares, mas sua compreensão como
tema de política internacional. A constituição de sistemas sanitários representa
capítulo importante na constituição do Estado de Bem-Estar (De Swaan,
1990; Hochman, 1998) e, ao mesmo tempo, processo crucial para a percepção
das doenças transmissíveis como tema central na configuração das
relações internacionais.
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